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O Rio São Francisco: uma Centopéia Aprende a Dançar

Brian Harvey

 

Para a maioria das pessoas, "rio brasileiro" significa o rio Amazonas. Se você disser a alguém que você está trabalhando em pesca continental no Brasil, é no Amazonas que eles acharão que você está trabalhando.

Exceto para os brasileiros. Para eles, o rio "mais importante" é o São Francisco. Até agora, o Amazonas teve as manchetes internacionais, mas o São Francisco sempre esteve lá, atravessando cinco estados e sustentando 15 milhões de pessoas em mais de 500 municípios. Eles até têm um apelido para ele: "Velho Chico". Que tipo de rio é esse " Old Frank " que significa tanto para os brasileiros e, no entanto, é tão pouco conhecido fora do país?

O São Francisco é o quinto maior rio da América do Sul. Ele surge na alta floresta atlântica, no estado rico em minerais, Minas Gerais, e flui por quase três mil quilômetros em direção ao Atlântico. Trinta e dois tributários drenam para o rio, constituindo uma bacia que ocupa 10% de todo o território brasileiro, comparável ao rio Danúbio ou ao rio Colorado.

O São Francisco é o sangue vital do semi-árido brasileiro assolado pela pobreza no nordeste. Culturalmente, o São Francisco é o Nilo brasileiro, o seu Mississippi, o seu Ganges. Ele representa a história e identidade brasileira, um lugar de extremos de clima e geografia. Em direção à sua foz no Atlântico, as igrejas barrocas do início da colonização européia ainda brilham sob o sol feroz. Além do seu apelido, o São Francisco tem um título oficial: "Rio da Unidade Nacional".

Há mais de 100 anos, o grande explorador britânico Sir Richard Francis Burton sabia sobre o São Francisco, e durante o seu mandato como Cônsul Britânico, ele, de fato, o navegou jangada abaixo - uma jornada que foi recentemente recriada por repórteres e aventureiros mais modernos. O rio do tempo de Burton foi para sempre alterado pelo desenvolvimento. O ciclo vital de cheia foi enfraquecido por uma cadeia de barragens e irrigação de cana, soja e eucalipto. No tempo de Burton, o rio descia por várias corredeiras e trovejavam através da cachoeira Paulo Afonso - a "Niágara do Brasil". As corredeiras foram diminuídas devido às barragens, muitas das cidades que ele viu agora estão submersas e o povo do seco nordeste ainda batalha para sobreviver.

O povo do rio sempre foi de sobreviventes, lutando contra a seca que mantém a chuva distante por anos e enchentes que levaram bagres para dentro das igrejas. Hoje, eles e seu amado rio enfrentam uma longa lista de problemas ambientais e sociais: poluição, represas, erosão, projetos de irrigação, destruição da vegetação marginal. A maior parte das comunidades ao longo dos rios não tem os serviços sanitários básicos; a maioria é pobre. E agora, com o início da primeira etapa do controverso projeto de revitalização do São Francisco, há um prospecto real de mais água ser retirada do rio para alimentar as economias "ressecadas" dos estados nordestinos do Ceará e Rio Grande do Norte.

A pesca comercial no São Francisco, ainda que uma vez tenha sido fonte da maior parte dos peixes vendidos nas principais cidades do país, nunca atingiu o tamanho e a organização de sistemas mais conhecidos como o Amazonas. Agora, comunidades de pesca marginalizadas ao longo do alto e médio São Francisco dependem de um recurso limitado que está se afastando do desenvolvimento. A quantidade de peixes tem diminuído severamente e as porções produtivas restantes do rio (tais como as famosas corredeiras de Pirapora) são, freqüentemente, locais de conflito entre pescadores artesanais e esportivos que têm pescado no rio há décadas.

Água, eletricidade, agricultura, poluição, peixes - no São Francisco todos esses fatores estão inter-relacionados. O projeto PPA trabalha para melhorar o gerenciamento da pesca, mas toda atividade do projeto esbarra em todas essas questões e outras. A vida dos pescadores é inseparável do peixe que, por sua vez, dependem das enchentes extintas em nome da eletricidade ou grãos de soja, e tem de competir com novas espécies introduzidas ao bel prazer de pescadores esportivos e piscicultores. Os elos continuam e o número de organizações envolvidas torna o progresso dolorosamente lento, como uma centopéia aprendendo a dançar. Nos próximos anos, os olhos do mundo irão se voltar para o São Francisco à medida que a disputa pelas suas águas continua - especialmente se uma transposição de grande escala entre bacias de rios for aprovada. Recuperar o rio já foi rotulado como prioridade pelo governo brasileiro em um nível similar ao famoso programa do país "Fome Zero", com fundos anuais na ordem de bilhões de dólares. É esperança do projeto PPA que, no momento em que os mega-projetos saírem do papel, a centopéia do São Francisco esteja se não de fato dançando, pelo menos se movendo na direção certa.

 
 
 
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Livros e artigos sobre peixes e pesca no São Francisco

Migratory Fishes of South America (2004), Capítulo 5: Migratory Fishes of the São Francisco River (versão online), para mais informações e para a compra, vá para worldfish.org, também disponível na Amazon.com

Águas, Peixes, Pescadores do São Francisco das Minas Gerais (2004)

Recursos alimentares sustentando a ictiofauna em uma sessão do alto rio São Francisco em Três Marias, MG, Brasil

Website sobre o rio

Projeto Manuelzão

Peixes e pesca no rio São Francisco

Transposição/Revitalização do rio São Francisco

Transposição do rio São Francisco

Exploração recente

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